terça-feira, janeiro 31, 2006

Em torno de Brokeback Mountain


Não estava muito seguro de querer ver Brokeback Mountain. Desconfio das promoções exageradas, das películas que camuflam publicidade nos telejornais, das obras que ocultam os seus defeitos sob argumentos politicamente correctos (o que não é mais que uma outra forma de fascismo, Michael Stipe dixit). Também não confio em prémios, nas películas que arrasam tudo: Globos de ouro, Óscar, Prémios da crítica... Prefiro guiar-me por um critério duplo: as opiniões de gente com a que tenho coincidido antes e uma intuição muito trabalhada sobre a base das experiências cinematográficas anteriores. Isto faz com que, por exemplo, vá ver cada nova película de Woody Allen embora só um feixe dos seus trabalhos nos últimos vinte anos me satisfaçam plenamente (Hannah & Her Sisters; Another Woman; Crimes & Misdemeanors; Manhattan Mistery Murder; Husbands & Wives; e Deconstructing Harry). Também faz com que, por exemplo, as palavras “Jim Carrey” provoquem um cepticismo dificilmente salvável, motivo pelo que tive de recuperar Eternal Sunshine Of The Spotless Mind por insistência dum amigo ao que nunca estarei dabondo agradecido. Outras das minhas insuperáveis fobias incluem Tom Cruise, Spielberg, os irmãos Trueba, três quartos do cinema oriental que nos chega, o mainstream hollywoodense e o stablishment espanhol... Há quem diga que tenho os prejuízos a trabalhar a pleno rendimento; eu prefiro considerá-lo instinto e poucas vezes me engana. O cine é algo muito sério para perder o tempo com subprodutos.

Ang Lee é autor de várias fitas apreciáveis, como Ride With The Devil e Crouching Tiger, Hidden Dragon, mas o melhor da sua filmografia são sem dúvida O banquete de boda e Comer, beber, amar. Foi responsável também duma película que, de sermos benévolos, diríamos que supõe uma queda de nível, mas que, como somos como somos, diremos que é absolutamente olvidável: Hulk. Esta, maldita seja, é a última até Brokeback Mountain o que há que reconhecer que contava como outro motivo de desconfiança. Mas Brokeback Mountain está bem, de facto está muito bem. O filme conta uma nova versão duma história já contada muitas vezes. Os actores e actrizes estão excelentes e a direcção permanece sempre atenta aos pontos fortes da história, sem demonstrar nunca impaciência, nem cair na auto-complacência ou o sensacionalismo.


Lee observa as personagens destruírem-se a si memos pouco a pouco, por não se permitirem seguir os ditados dos seus corações. Ennis aferra-se a uma vida vazia, com um matrimónio fracassado, ao que segue uma relação condenada de princípio, e um trabalho que não permite que saia da miséria e uma ingesta excessiva de álcool. Jack está preso num matrimónio sem sentimentos, que o empequenece ao tempo que aumenta a sua frustração sexual. Os encontros entre ambos reduzem-se a um par de dias nos meses de inverno, estação que reflecte e, paradoxalmente, contrasta com a temperatura sentimental das personagens. De igual jeito, a fria beleza das montanhas também serve de contraste à claustrofóbica sordidez das casas, dos bares e dos povos onde os protagonistas deixam passar as suas vidas até o momento do próximo encontro.

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sexta-feira, janeiro 27, 2006

Duas coisas sobre cine

Interessante notícia sobre o cine espanhol. Eu não faço parte desse aumento de interesse já que não vi nenhuma das fitas citadas: Torrente 3, O reino dos céus, El penalti más largo del mundo, 7 vírgenes, Sáhara, Tapas, Habana Blues, Camarón, Frágiles, Los dos lados de la cama e Princesas. Como comentei anteriormente, verei 7 vírgenes e Princesas em breve, mas só tenho ganas de ver a de León de Aranoa.

Deixando aparte que considerar O reino dos céus como uma película espanhola é passar-se de optimista e falsear um pouco os dados, a mesma ministra dá pistas do verdadeiro alcance dos feitos ao dizer que o dvd tem muito a ver com a queda de espectadores do cinema americano. As bilheteiras ingressam menos por cinema americano, mas este não perde realmente espectadores. Não nos enganemos: a gente prefere-o por escapismo e é só que agora semelha preferir vê-lo na casa. E é que o cinema espanhol é aburrido, repetitivo, moralista e carente de imaginação. As excepções, que as há e muito honrosas, são dessas que confirmam a regra.

O que sim acho uma notícia espectacular é a edição em dvd de O ladrão de Bagdade de Ludwig Mercer e o imenso Michael Powell, autor doutras jóias já disponíveis como Narcisso preto, Coronel Blimp, Sei aonde vou, As sapatilhas vermelhas, Os Invasores e A batalha do Rio da Prata. Tenho já uma cópia inglesa de A vida e morte, assim que só fica aguardar por uma edição acessível de O fotógrafo do pânico.

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quinta-feira, janeiro 26, 2006

Tejero mete-se em política

Pensavam que o ex-guarda civil Tejero (sim, o do 23F) havia desaparecido para sempre? Pois não! Afortunadamente, o autor duma tentativa de golpe de estado, segue preocupado por Espanha. Dizemos "afortunadamente" e dizemos bem, já que uma carta dele a um jornal de Melilha revela coincidências entre este senhor e as linhas políticas do PP a respeito do novo estatuto catalão. Estranhos companheiros de cama, não é?

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SCR em Leganés

Trato de motivar aos meus alunos de SCR de 4º da ESO. Quisera que tirassem um proveito, por pequeno que fosse, das aulas, que reflictam sobre certos temas que os afectam e afectarão durante toda a sua vida: as diferenças sociais que agora mesmo já estão a marcar o seu futuro; a violência de género, racista e de bandas; a necessidade de conviver respeitando a quem é diferente; a manipulação levada a cabo pelos meios de comunicação e a publicidade; a importância de apreender a valorar-se a si mesmos e as escassas oportunidades que se lhes oferecem. Trato também de criar em eles um sentimento de participação nas aulas, na toma de decisões respeito ao enfoque dos temas e à eleição dos materiais.

Acabamos de ver Pariah, um filme sobre a violência racista e os grupos neonazis na costa oeste americana. O filme é ultra-violento, reaccionário e sensacionalista, cheio de actores maus e mal dirigido. As raparigas não demonstram interesse nenhum. Sentam todas juntas ao fundo da aula e falam entre elas. No meio da terrível cena da violação que senta a base argumental da fita, os rapazes estouram em gargalhadas. Interrompo a película, solto um sermão aos que não estavam atentos e pergunto aos outros por que lhes parece gracioso algo tão duro e que está gravado duma maneira tão pouco subtil. Não sabem contestar. Algum diz que achou gracioso que um dos violadores cantara uns compasses de música ao tempo que violava à rapariga. Tento que reflictam sobre o ódio e a violência e a ignorância que gera esse tipo de situações. Faço que vejam que todas as personagens da película procedem de lares desestruturados. Defino a desestruturação. Falamos da falha de modelos com valores positivos, da inexistência dum futuro. Não vêm reflectida a sua experiência na película. Não tiram as conclusões mais evidentes. Decido não forçar as coisas e digo que ódio e a ignorância geram violência que gera ódio que se aproveita de ignorância para dar uma resposta violenta... que é um circo sem saída. Não creio que estejam a perceber. Interessa-lhes a violência, mas não são capazes de analisar por que.

Ontem pedi que propuseram alguns filmes que puderam ser aproveitados nas aulas. Votaríamos os mais interessantes e vê-los-íamos em ordem começando pelo que tivesse mais votos. Elegeram estas películas:

Volando voy
Siete vírgenes
Million Dollar Baby
Barrio
Furacão Carter
Princesas
Laranja Mecânica


Eu propus Cadeia perpétua, Furacão Carter, O indomável Will Hunting e In This World. Falámos dos argumentos desses filmes. Só querem ver um deles. Um aluno até conseguiu que muitos não votaram por Camarón, proposto por uma companheira, porque não quer “ver ciganos”.

No fim destas aulas estou sempre muito cansado. A metade deles provoca compaixão e a outra metade dá medo. São o futuro. São os meus alunos, são muito jovens e aprecio-os, mas estão a acabar com a minha confiança no poder da educação como motor de câmbio social.


Música para hoje (6): Road To Nowhere -- Talking Heads.

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quarta-feira, janeiro 25, 2006

Depressão

Tão contento, envio a um amigo a anterior entrada de Polvo à feira, pensando que o tema havia interessar-lhe e recebo isto a modo de contestação:

"Lo de escribir en esa especie de portugués me parecede un esnobismo insultante. ¿Por qué no pruebas con el esperanto de una vez? Espero que no te importe que te conteste en castellano.

Un abrazo".

Penso que há que aclarar que o meu amigo, ainda que sinta um ódio irracional misturado com uma influência da direita mais retrógrada, é galego. Tenho tentado muitas vezes em falar com ele do tema, tratar de analisar o por que desse sentimento de desprezo por algo que nem sequer entende. Mas já não. Como professor o primeiro que aprendi é que quem não quer apreender ou entender algo não o fará jamais. Assim que armo-me de paciência e replico-lhe, por suposto em castelhano, para que entenda:

"¿Especie de portugués? Te puedo asegurar que es portugués 100% auténtico y tan bueno como somos capaces de usarlo yo y el diccionario electrónico que me corrige los errores léxicos y sintácticos. ¿Cuál es el problema? ¿Que no escribo en inglés? Creía que entenderías mejor el portugués...

Besos"


Assim nunca chegaremos a nada.

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Estamos a ler... (1)

Levávamos anos na busca dum livro assim, que tratasse a relação entre a música e a política preta nos Estados Unidos, e A Change Is Gonna Come - Music, Race & The Soul Of America descreve o tema de jeito singelo e apaixonado. Sam Cooke, Mahalia Jackson, Aretha Franklin, Marvin Gaye, Curtis Mayfield, James Brown, Sly & The Family Stone, Funkadelic, ou os rappers mais recentes desfilam pelas páginas do livro ao lado de personagens como Martin Luther King, Malcom X, os Panteras Pretas, Muhammad Ali, fazendo um retrato global da sociedade norteamericana.

A influência do Gospel, do Blues e do Jazz na comunidade preta, nos seus sonhos de liberdade e na variedade de respostas que dava -e segue a dar- à dura realidade do país é o eixo estrutural do estudo. As referências musicais, sociais e históricas são vastas e bem documentadas, e estão manejadas desde o amor pela música e o desejo duma sociedade melhor mas com uma certa distância para evitar o paternalismo (o autor, Craig Werner é branco). Do mesmo jeito não se rejeita falar dos artistas brancos sem cair em falsas presunções sobre a sua qualidade ao confrontá-los com os pretos.

A Change Is Gonna Come é a história de mais de quatro décadas da influente música preta, desde as esperançadas e airadas palavras de orde do Freedom Movement, ao pop elegante da Motown; desde o inferno disco à Million Man March; desde o "verão do amor" de Woodstock à guerra do Vietname e as revoltas raciais que inspiraram Marvin Gaye para escrever What's Going On.
Craig Werner é professor de Estudos Afro-americanos na Universidade de Winsconsin, e autor de vários livros, que incluem Playing the Changes: From Afro-Modernism to the Jazz Impulse e Up Around the Bend: An Oral History of Creedence Clearwater Revival. O seu livro mais recente é Higher Ground: Stevie Wonder, Aretha Franklin, Curtis Mayfield & the Rise & Fall of American Soul.


Um complemento perfecto aos livros de Peter Guralnick: Feel Like Goin' Home e Sweet Soul Music.

Música para hoje (5):
Bring It On Home To me - Sam Cooke;
Move On Up - Curtis Mayfield;
One Nation Under a Groove - Funkadelic;
Let's Get It On - Marvin Gaye;
Angel - Aretha Franklin;
Pouring Water On A Drowning Man - James Carr;
The Tracks Of My Tears - Smokey Robinson & The Miracles;
Papa Was A Rolling Stone - The Temptations;
People Get Ready - The Impressions;
Everyday People - Sly & The Family Stone;
Hold On, I'm Coming - Sam & Dave;
Satisfaction - Otis Redding;
I'm Gonna Tear Your Playhouse Down - Ann Peebles;

Dancing In The Street - Martha Reeves & The Vandellas.

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terça-feira, janeiro 24, 2006

Ramito de mejorana


Cariño cariño mío
Ramito de mejorana
Espuma que lleva el río
Lucero de la mañana
Planté por Sevilla entera
Banderas de desafío
Y dice cada bandera:
Cariño cariño mío.



Copla popular cantada por Enrique Gran e Antonio López em El sol del membrillo (Victor Erice, 1992).

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segunda-feira, janeiro 23, 2006

Um passo adiante na democracia

Dado o péssimo nível dialéctico e moral que demonstram os políticos actualmente, é de agradecer que haja quem proponha uma modificação que poria a descoberto o tamanho real do nosso descontento cívico.

De acordo com a actual lei eleitoral espanhola, a abstenção e o voto em branco favorecem ao partido mais votado, com o que se desvirtua a legítima intenção de todos os votantes que decidem não conceder o seu apoio a grupo nenhum. Esta gente reclama o direito a que os escanos obtidos pelo voto em branco não sejam cobertos por candidatos de outros partidos com menos votos. Os escanos obtidos por esta candidatura de base cívica não serão cobertos por nenhum dos seus candidatos, forçando a existência de escanos vazios como exponentes dos desejos duma boa parte da cidadania responsável que ficava sem voz até o de agora.

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The Fleshtones, Madrid - 21/01/2006






Bufff! Só estamos em Janeiro e já tivemos o Concerto do Ano... E em Fevereiro, John Cale!




Música para hoje (4): Do you swing?, The Fleshtones (2003).

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sábado, janeiro 21, 2006

Música para hoje (3)

I gave you all I had
I gave you good and bad
I gave but you just threw it back

I won't get on my knees
Don't make me do that please
I've been away but now I'm back

Don't be too sure of that
What makes you sure of that
You went away you can't come back

I walked away from you
I hurt you through and through
Aw honey give me one more chance

Aw you're a lucky son
Lucky son of a gun
You went away, you went away
You went away but now youre back

I got down on my knees
And then I begged you please
I always knew you'd take me back

Dei-te tudo o que tinha
Dei-te o bom e o mau
Dei-to, mas tu jogaste-o de volta

Não me ajoelharei
Não me faças fazê-lo, por favor
Fui embora, mas agora estou de volta

Não estejas tão seguro disso
O que é que te faz estar tão seguro disso
Foste embora e agora não podes voltar

Abandonei-te, afastei-me de ti
Fiz-te dano
Amor, dá-me mais outra oportunidade

És um filho da puta com sorte
Um filho da puta com sorte
Foste embora, foste embora
Foste embora mas agora voltaste

Ajoelhei-me
E então pedi perdão
Sempre soube que me havias aceitar


Sometimes Always -- The Jesus & Mary Chain + Hope Sandoval

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sexta-feira, janeiro 20, 2006

Nuvens




Sem palavras

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quinta-feira, janeiro 19, 2006

Os zurros do PP (Artigo + Banda desenhada)

O dia 16 o jornal 20minutos publicou esta banda desenhada de Eneko. O jornal EL PAIS publica hoje este artigo de Maruja Torres. Muita gente começa a se fartar de ouvir os rebuznos* do PP.

PS1: Google informa-nos de que "a voz própria do burro" é o zurro, mas deixamos rebuznos por sentimentalismo.
PS2: encanta-nos o de "encefalograma zaplánico" hehehe.



Anda ya
MARUJA TORRES
EL PAÍS -Útima- 19-01-2006

De todos los partidos políticos que existen en el mundo, tenía que tocarnos, en la oposición, el único que no sólo no ha matado al padre, sino que lo venera y mantiene como inspiración. Tenía que tocarnos el Partido Popular, cuyos miembros más insignes, y otros que no lo son tanto, hacen lo imposible para emular a don José María Aznar, y atemorizarnos.


Pues va a ser que no. Ni los kikos, ni el encefalograma zaplánico, ni los senadores que regurgitan en sus rincones lograrán aterrarme como el otro. Toda la palabrería cotidiana que nos inunda, procedente del manantial único de las esencias, no conseguirá que el vello de mi cogote se erice como en los tiempos en que el anterior presidente nos conducía, hipnotizados, de catástrofe en catástrofe, y hasta la derrota final.

Aquello sí que era miedo, don Mariano, qué le voy a contar. Bastaba una mirada de soslayo. Un fruncimiento del labio superior. Un temblor de bigote. Un gesto desdeñoso del hombro. Una risita torcida. Nunca Bernarda Alba tuvo a sus hijas tan metidas en cintura como don José María nos tuvo a mí y a unos cuantos. Aquello sí que era pánico.

En cambio, esto de ahora, este frenesí de declaraciones góticas, paréceme mero histrionismo, como si todos ustedes, solistas y corifeos, se hubieran contagiado de la fiebre interpretativa típica de estas fechas, como si corrieran a competir por un Globo de Oro, un Goya y hasta, quién sabe, un Óscar a la mejor personificación del Desabrido. Pero se quedarán, como mucho, en la lista de nominados a los efectos especiales, sector relinchos y rebuznos. Si quieren un consejo, yo que ustedes empezaría a dejarle sitio a la única persona que también podría cuajarnos las arterias: doña Esperanza Aguirre, que posee, como Aznar, la indiferencia de clase necesaria para destacar del resto de los catecúmenos y alcanzar el grado de líder categórico; ella sí, verdaderamente ilesa.

Y avisen, por favor, a sus animosos espontáneos: que no se dejen a Franco cuando enumeren la lista de golpistas. Si ya es malo para el crecimiento no haber pasado por la fase edípica de matar a papá, qué no podría contarnos un buen psiquiatra sobre lo que significa cometer el lapsus de saltarse al abuelito.

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O buda Amida de Kamakura



Fotos procedentes de vários álbuns alojados em Flickr.com

Estas são imagens da estátua que o buda Amida (Amithaba, em Chinês) tem erigida em Kamakura, Japão. Trata-se duma das imagens mais célebres deste buda. Até tal ponto chega a devoção por Amida, que existem seitas budistas que acreditam que as rezas mediante a constante repetição da oração Namu Amida Butsu garante a redenção.

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quarta-feira, janeiro 18, 2006

Música para hoje (2)

Home is where I want to be
Pick me up and turn me round
I feel numb - born with a weak heart
I guess I must be having fun
The less we say about it the better
Make it up as we go along
Feet on the ground
Head in the sky
It's ok I know nothing's wrong . . nothing

Hi yo I got plenty of time
Hi yo you got light in your eyes
And you're standing here beside me
I love the passing of time
Never for money
Always for love
Cover up and say goodnight . . . say goodnight

Home - is where I want to be
But I guess I'm already there
I come home - she lifted up her wings
Guess that this must be the place
I can't tell one from another
Did I find you, or you find me?
There was a time
Before we were born
If someone asks, this where I'll be . . . where I'll be

Hi yo We drift in and out
Hi yo sing into my mouth
Out of all those kinds of people
You got a face with a view
I'm just an animal looking for a home
Share the same space for a minute or two
And you love me till my heart stops
Love me till I'm dead
Eyes that light up, eyes look through you
Cover up the blank spots
Hit me on the head Ah ooh


This Must Be The Place -- Talking Heads


Assim é como nos sentimos hoje. Exactamente.

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Feliz aniversário


Este homem da foto é um assasino, e vai-te matar porque é mais filho da puta que tu. Ele não se importa com que tenhas 75 anos. Vai-te matar igual, porque é mais filho da puta que tu. Ele não se importa com que estejas cego, surdo e paralítico. Vai-te matar igual, porque é mais filho da puta que tu. Ele nem se importa se é o dia que fazes anos! Vai-te matar igual, porque é mais filho da puta que tu. Já leva três ejecuções desde que está no cargo: Terminator 3- condenados a morte 0.

Ride, que é gracioso, mas desculpai, que eu tenho de ir vomitar.

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terça-feira, janeiro 17, 2006

Música para hoje (1)

You Can Have It All (Yo la tengo)
Cybele's Reverie (Stereolab)
The Black Angel's Death Song (The Velvet Underground)
Venus (Television)
No Expectations (The Dirtbombs)
Bird Dream Of The Olympus Mons (The Pixies)
Pueblo (Pavement)
Kissability (Sonic Youth)
Mi prima y sus pinceles (Josele Santiago)
E-bow The Letter (R.E.M.)
Crash Down Day (The Dirtbombs)
April Skies (The Jesus & Mary Chain)
Best Friend's Arm (Pavement)
Head On (The Pixies)

Tudo bem?

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Golden Globes, Oscar, Goyas e demais família

Um ano mais achega-se a entrega dos Óscar e a maquinaria promocional espectacular começa trabalhar. Já temos todos os prémios-entremez a preparar o caminho do prato principal duma ementa cada vez mais "chusca", previsível e devassada.

Já se ouvem por todas partes essas expressões tão reveladoras de encefalograma plano como "la antesala de los Óscar"; "la quiniela de los Óscar"; ou "las nominaciones" (ainda, depois de tanto tempo e tanto livro de estilo, muitos não foram capazes de apreender que, em espanhol, "nominar" significa dar nome, baptizar, e não seleccionar).

E a gente pergunta-se, no meio de tanta mediocridade, onde é que está o cinema? Como desagravo nós passamos a tarde de ontem a ver El sol del membrillo e os seus maravilhosos conteúdos extras. Anteontem vimos Fitzcarraldo e já temos preparada À bout de souffle. Não passarão!

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segunda-feira, janeiro 16, 2006

Morrison+Kavanagh=Irish Heartbeat

Por certo, que esquecemos dizer que Morrison incluiu em Irish Heartbeat (o disco que gravou com os Chieftains) uma versão de On Raglan Road, poema de Patrick Kavanagh cuja tradução já publicámos aqui há uns dias. Quem não conheza o disco já tarda em comprá-lo. Ides agradecer-no-lo.


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Van Morrison

Consumou-se. Mais uma vez, perdi os concertos do Leão de Belfast, Van "The Man" Morrison, em Madrid. Culpável? O preço das entradas, que oscilava entre os 50 e os 75€.

Sei bem que o homem já não é o que era. Também não o era a última vez que o vi, em Londres no 99, numa feira de mostras dedicada a Irlanda. Aquele concerto foi curto, correcto, profissional, asséptico. Van zangou-se muitíssimo uma vez que cambiou de harmónica e falhou o som. O grupo de acompanhamento, que penteava calvas, era também correcto, mais só uma sombra a anos-luz daquela Caledonia Soul Orchestra que ainda deslumbra na gravação do It's Too Late To Stop Now. O mais excitante daquele concerto foi albiscar George Best tras a cortina do cenário. Depois, um ano ou dois, tocou na Galiza um verão, mas eu estava fora. Os concertos dos últimos anos em Madrid foram também muito caros.

Hoje festejei o antigo Van Morrison de caminho ao trabalho. No Guru, No Method, No Teacher, o disco que deu corpo à sua ruptura com a seita da cienciologia, acompanhou-me no iPod. À volta escutei Veedon Fleece.

As ganas de xoldra reservo-as para o concerto dos Fleshtones do sábado...

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Patrick Kavanagh, poeta galego


A biografia –literária e vital– de Patrick Kavanagh daria para estabelecer uma dessas odiosas comparações entre a Galiza e outras latitudes irmãs das que tanto gostamos para poder obviar o difícil que o têm outros e recalcar o mal que o temos nós. Claro que o caso de Patrick Kavanagh é um caso especial, porque se o estudamos com atenção chegamos à conclusão de que em vez de ter nascido no lugar de Mucker, paróquia de Inniskeen, condado de Monaghan, no Ulster ainda baixo domínio britânico (o nosso poeta nasceu em 1904), podia ter vindo ao mundo em Vimianzo, Campolameiro, Lantemil ou Castropol. Pouco havia cambiar a sua peripécia vital e poética.

Kavanagh era filho dum sapateiro e labrego dos mais humildes e não assistiu a escola além dos treze anos, pelo que teve de continuar a sua formação lendo as antologias escolares de autores clássicos ingleses. Durante a sua mocidade fez-se cargo das leiras familiares, dos animais e do ofício de sapateiro remendón do pãe enquanto na sua cabeça compunha poemas e sonhava com se converter em poeta. Nestas estava em 1925 quando acudiu a uma feira em Dundalk. Enquanto aguardava ao lado dum quiosque, viu uma revista, o Irish Statement, que não só lhe fez descobrir a Yeats e Joyce, senão que se converteu no seu instructor pessoal. Será no Irish Statement onde publicará por primeira vez e será o director da revista e factotum das letras irlandesas da época, AE (George Russell), quem o apadrinhará no mundo literário. A revista fechou em 1930, e nesse tempo Kavanagh foi medrando como poeta, mas não estava seguro de ter o necessário para triunfar nas letras. A sua humilde origem e a falta duma educação formal superior provocavam lógicas dúvidas que lhe impediam tomar uma decisão. Mas o tempo passava e Kavanagh conseguiu publicar também poemas em jornais e revistas inglesas e foi uma editorial inglesa, a Macmillan, a que publicou o seu primeiro poemário: The Ploughman and Other Poems. Outra editorial inglesa encomendou-lhe escrever um livro sobre a vida na Irlanda rural.

The Green Fool teve grande sucesso de crítica e isto decidiu-o a abandonar Inniskeen por Dublin e dedicar-se profissionalmente à literatura, mas o retrato que escreveu pronto deixou de satisfazer ao seu autor. Kavanagh deveu cogitar se explorar por mais tempo um mercado evidentemente receptivo a esse tipo de casticismo rural, mas ele sentiu que estava a trair a realidade ao descrever a vida na sua paróquia tal e como o público cosmopolita de Londres e Dublin a queriam e não como ele a percebia. No livro, em efeito, aparece uma Arcádia irlandesa feliz, o melhor dos mundos possíveis, tratada de jeito amável e cheia de curiosidades sociais e folclóricas. O camponês passara a formar parte do imaginário nacionalista já muito antes da independência e os autores deviam ajustar-se a certas tipologias fixadas: o labrego pobre, mas satisfeito e em paz que compunha uma figura espiritual desconhecedora do interesse material; o sujeito que era como um arquivo vivo dos costumes, as tradições e as cantigas e as músicas antigas; estava o homem “sábio e simples” do campo; e a personagem selvagem e elementar: o rebelde violento, bebedor e alvoroçador. Logo estavam os que falavam gaélico ou um inglês colorista e lírico impregnado de calcos do gaélico. Além disso, as personagens viviam sempre no oeste da ilha: Connacht, as ilhas Aran ou Sligo. O próprio presidente da república, Eamon De Valera, deixava-se levar pelo entusiasmo do seu sonho populista e falava num discurso radiofónico numa idílica Irlanda rural, satisfeita de si mesma e povoada por comunidades auto-suficientes, piedosas e espartanas cujo veículo de expressão quotidiana sería o gaélico. A Kavanagh, quem conhecia de primeira mão as penúrias desse tipo de vida, essa imagem romântica pronto começou a irritá-lo e publicou The Great Hunger a modo de resposta. Já para então dava-se com um grupo de escritores colaboradores da publicação The Bell (Frank O’Connor, Sean O’Faolain e Peadar O’Donnell), que proclamavam que o ideário romântico que promovera o grupo de escritores do Irish Literary Revival (Lady Gregory, Yeats e Synge) estava antiquado e havia que desbotá-lo em favor de formas mais realistas de achegar-se à nova Irlanda.

Kavanagh até tomou consciência plena de que o que até o momento tinha percebido como um obstáculo às suas aspirações literárias (a sua procedência humilde e camponesa, a sua falta de educação académica) certificavam a sua pertencia a um grupo social determinado: o do pequeno labrego e granjeiro católico que conformava a maior parte da população irlandesa do momento. Como representante letrado do grupo, assumiu a tareia moral de denunciar as visões interessadas do mundo rural. Este aspecto é o que faz com que a leitura de The Great Hunger resulte mais demolidora, junto com o tono profético e a feroz denúncia da vitória do materialismo sobre a espiritualidade na Irlanda rural. O poeta protestou pelo carácter minoritário dos membros do Irish Literary Revival, cujos membros pertenciam às elites anglo-irlandesas protestantes e desconheciam a verdadeira vida no campo. Além disso, o catolicismo converteu-se num dos eixos do programa da nova estética realista e fundira-se com o radicalismo literário de Kavanagh. O seu objectivo sócio-literário consistiu desde então na descrição literária da Irlanda católica.

Kavanagh apartou-se bem cedo desta posição destacada como poeta representativo do autêntico labrego irlandês. Sim perdurou a sua convicção de que a ideia duma Irlanda monolítica tal e como a apresentava o I.L.R. não era senão uma ficção literária. O que ele denominava “o mito de Irlanda como uma unidade espiritual”, identificando-o sobre tudo com Yeats, era de facto uma criação nacionalista que persistira na poesía anglo-irlandesa desde a segunda metade do século XIX como contribuição ao programa político da independência. Uma Irlanda sem diferenças de classe nem regionais apresentada como um símbolo absoluto que opor ao colonialismo britânico e que contribuía à definição da nova colectividade. Para os críticos nacionalistas, não era bastante com que a poesia tivera uma assinatura irlandesa, devia reflectir a tradição lírica do gaélico. Na sua poesia, como nos seus artículos de periodismo literário, Kavanagh comprometeu-se na desconstrução e substituição da mitologia nacionalista. A sua hostilidade pela etnicidade como critério estético fica patente na frase “o irlandês é uma forma de anti-arte”.

Ao mito sincrético de carácter nacional, Kavanagh opôs o mito da paróquia, desafiando a simbologia unificadora e insistindo na superioridade do local na literatura. O seu romance cómico-realista Tarry Flynn (1948) consiste num retrato do escritor rural e centra-se na relação de amor e ódio com a sua paróquia. O seu herói epónimo, um místico poeta-labrego, é também uma personagem cómica muito pouco digna, dominado pela sua mãe, materialista e lercha, e incapaz de fazer fronte às intrigas duma comunidade fisgona e egoísta. Inniskeen transforma-se em Dargan e situa-se no condado de Cavan, mas o fundo autobiográfico resulta evidente quando ao herói atribuem-se-lhe três poemas publicados anteriormente por Kavanagh.

Ao igual que fizera Wole Soyinka a respeito da negritude (“um tigre não proclama o seu trigrismo”), Kavanagh há afirmar que “um homem é o que e, e se existe uma qualidade mística na sua Nação ou na sua raça esta há-se filtrar através da sua pele”. Para Kavanagh não existia conflito de nenhum tipo a respeito do inglês que utilizava para escrever. O inglês era a sua língua vernácula e o gaélico que a pressão nacionalista posterior à independência tratava de impor era o verdadeiro idioma importado.

A 2ª Guerra Mundial abriu uma nova crise nos postulados literários de Kavanagh e desta maneira, ao fim da década dos 50, o poeta declara que “as verdadeiras raízes da poesia nascem da nossa capacidade de amar e no seu abandono” e redefiniu ao artista provinciano como aquele que “vive do amor dos outros”. Deste jeito, o seu poema The Hospital pode ler-se como um manifesto desta nova etapa. Finalmente, chegara a uma poética que resultava a um tempo inclusiva e individual, graças à qual podia substituir uma estética étnica não por uma estética tribal, senão por uma baseada no afecto e acessível a todos. Os seus versos voltam-se então introspectivos e confessionais; um meio de auto análise e crescimento pessoal.

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domingo, janeiro 15, 2006

Manuel Rivas e os conflitos linguísticos pessoais

Três quartos da minha família é goda –como diria Torrente Ballester– ou estepária –como diria um companheiro de trabalho também galego em Madrid–. Isso quer dizer que eu não “mamei” o galego, que tive de aprendê-lo e decidir por mim mesmo falá-lo. Acrescente-se a esta circunstância o facto de haver eu nascido e vivido toda a minha vida numa vila que, ainda que protagonista dalguma das páginas mais gloriosas do galeguismo, tentou esquecer durante muitos anos que à Geografia não a engana ninguém.

Pode-se, por tanto, imaginar o esforço que supôs para mim falar galego. Ao princípio, misturava-o com o espanhol massacrando ambos idiomas. Às vezes esquecia-me do que estava a falar e cambiava dum idioma a outro repetidamente numa conversa. Os meus exames de galego e lengua castellana eram caso de estudo. Ouvi dizer a muita gente que o ponto de inflexão de todo o processo estava no momento no que um começa sonhar em galego. Não posso certificar tal asserto porque desde o primeiro e até hoje eu alternei sonhos espanhóis com sonhos galegos.

A vocação levou-me a estudar filologia inglesa e a vida a viver em Londres. O meu enleio alcançou daquela um novo limite. Quando lia um livro em espanhol tinha que reacomodar-me ao inglês e tardava uns dias em fazê-lo completamente. Aqui em Madrid continuo a ler em inglês mas não sofro traumas ao pousar o livro e retomar o espanhol. Tenho lido também livros em galego (galego da Galiza, de Portugal, galego moçambicano e galego de Brasil) sem maiores problemas. Porém, acontece-me agora que quando pouso o livro que estou a ler não deixo de pensar em galego e as primeiras palavras que me saem são galegas até que logro reajustar o chip linguístico. O culpável é Manuel Rivas e esta é a maior gabança que posso fazer dele: faz-me sentir que estou na casa.

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sábado, janeiro 14, 2006

Natureza



Esta é a paisagem que se via desde um café em Clifden, condado de Connemara, na República de Irlanda. Note-se o sentido de crescimento da vegetação devido à força do vento. Era pleno verão. No café pediam um empregado disposto a passar lá o inverno. Voluntários?

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sexta-feira, janeiro 13, 2006

Três escritores para sempre

Dos actuais narradores galegos, quem conseguirá manter o interesse das futuras –e improváveis– gerações de leitores galegos? Nós inclinamo-nos por três nomes, de pessoalidades bem distintas entre si, mas cuja obra possui uma qualidade inegável.

Suso de Toro representa duas coisas muito importantes na literatura galega actual. Duma banda, as suas primeiras obras representam uma ruptura necessária com uma certa tradição literária que já esgotara o seu caminho nas letras galegas. Essas primeiras obras de Suso de Toro racham com tudo aquilo que cheirava a reseso e exploravam, quando não criavam, novas formas de expressão: a linguagem coloquial, a fragmentação narrativa, a renovação de temas... As personagens e os cenários nesta primeira etapa pertenciam a tipos galegos, mais os referentes literários provinham de fora da Galiza. Suso de Toro mantinha um olho na aldeia e na vila galega e o outro na história da literatura universal.

Esta etapa culminou com Tic-Tac, uma obra destinada a medrar em consideração com o tempo. A partir dessa obra, o próprio autor teve a honradez de reconhecer que ele também esgotara o seu caminho e dedicou-se ao que ele denominava algo assim como a recuperação da narração clássica. Os seus romances, desde Calzados Lola até Trece badaladas, reflectem uma progressiva madureza e um domínio cada vez maior dessa narração, longe já das experimentações de Caixón desastre ou Polaroid.

Por outra banda, de Toro representa também a reflexão sobre o ofício de escritor galego. Nos seus ensaios fala de Shakespeare ou Joyce, da necessidade de escrever em galego com a mente na maneira de expressão do inglês, das vantagens de adaptar a norma galega ao português (apoiando-se na simples consciência da amplitude de mercado que haviam ganhar os galegos, escritores ou não). Além disso, reclamava a galeguidade de Valle-Inclán e Torrente Ballester, recebendo paus a direita e esquerda por elo.

O segundo autor que merece manter o seu nome nos futuros manuais de literatura galega é Manuel Rivas, que representa a conexão telúrica com a Terra, com a Galiza. Os romances de Rivas dão sempre a impressão de estar escritos por encarnações da Terra e da Língua. O seu galego é doce e harmonioso, faz-nos sentir a sua familiaridade e arrola-nos durante a leitura. A saudade permeia a escritura de Manuel Rivas tanto como a preocupação pelo ser histórico do galego. E esse conhecimento do que é este país e como são as suas gentes, os seus povos, a sua paisagem e os seus animais está também presente nos seus textos jornalísticos. Neles, Manuel Rivas faz uso da sabedoria e a fala dos nossos avós e fá-lo ademais com sensibilidade, sentido crítico, perplexidade e uma ironia como não se via desde Julio Camba ou Wenceslao Fernandez Flórez. Quando Rivas solta um dardo num artigo, crava-o no mesminho centro do alvo. Só há que ler Galicia Galicia para perceber até que ponto o nosso autor é capaz de explicar a todos –galegos e godos– como é realmente este curruncho de Europa.

O terceiro dos nossos escritores preferidos é autor dum bon número de livros surpreendentes. Os nossos preferidos são aqueles pelos que descobrimos ao autor: Ártico e Contornos: apuntes de filosofía natural. Estas obras, as primeiras do autor, apontavam algo totalmente original dentro da literatura galega. O seu mérito era o duma modernidade absoluta na descrição duma forma de sensibilidade íntima e pessoal mas capaz de comover a qualquer leitor. Nos primeiros livros de Xavier Queipo havia ecos borgianos misturados com retalhos sobre geografias exóticas e deslumbrantes mundos ocultos baixo a capa de algo tão asséptico como a ciência. A sua producção posterior afastou-se algo deste estilo, mas o espírito que a alentava seguiu a ser o mesmo: distintas vestiduras para a mesma substância. Diarios dun nómada é um diário íntimo; O paso do noroeste um romance de primeiro ordem que mistura a aventura com a reflexão sobre a condição humana, ao igual que Papaventos.

Cuidamos que estes três autores pertencem por idade a um grupo geracional dentro da história da literatura galega. Esta breve lista haveria, se calhar, que acrescentá-la com outros nomes. Existe um feixe de apreciáveis narradores em língua galega além dos citados: Aníbal Malvar, Jaureguizar, Xelís de Toro... mas nenhum deles conseguiu ainda a unânime aceitação dos três que destacamos aqui.

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A prova definitiva do dano que causam as drogas


Desta volta deixo o costo, o Show dos Tonechos, a cerveja e os pastelinhos da Pantera rosa... Juro-o.

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quinta-feira, janeiro 12, 2006

Coisas curiosas que acontecem na blogosfera

Somos muito curiosos. Algum mal-intencionado poderia dizer que somos vaidosos, e que a verdadeira razão de que botemos um olhar às páginas desde as que acedem os visitantes deste blogue -a através duma utilidade do programa que utilizamos para contabilizar os nossos leitores- responde a um excesso de auto-estima e não a uma sana e inocente curiosidade. Mas se o dizem, nos faremos a vista gorda.

O caso é que fazemos isso e às vezes ocorrem coincidências curiosas, de essas que em manos de gente com gosto pelo mecanismo do azar e muito mais talento que o nosso, acabam convertidas em formosas histórias (estamos a falar de Paul Auster, por exemplo). Hoje mesmo, sem ir mais longe, achamo-nos com uma visita desde este blogue elaborado por um par de raparigas portuguesas. Até aí, nada fora do habitual, mas resulta que o nosso outro blogue recebeu a visita de alguém desde outro blogue muito parecido ao das raparigas portuguesas. Esta casualidade pareceu-nos tão gira que decidimos "apresentar" ambos blogues e aguardar a ver se ocorre algo. Manter-lhes-emos informados.

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Pelo ensino público, ante o debate da L.O.E.

Reproducimos o texto íntegro do manifiesto em favor do ensino público elaborado pelos professores do I.E.S. José de Churriguera de Leganés:


POR LA ENSEÑANZA PÚBLICA, ANTE EL DEBATE DE LA L.O.E.

El proyecto de Ley Orgánica de Educación se está debatiendo actualmente en el Congreso y en otros muchos ámbitos de la sociedad. No pretendemos en este breve escrito opinar sobre los diversos aspectos de la ley, ni dar una valoración global de la misma, pero sí nos parece muy importante para nuestro país y nuestro futuro educativo pronunciarnos sobre estos aspectos:

a) Discusión entre escuela pública o privada. En los últimos años hemos asistido a un constante deterioro de la calidad de la escuela pública, motivado por diversos factores, algunos comunes a todos los ámbitos educativos y otros muy específicos de nuestra escuela pública. Por citar un ejemplo, la escuela pública acoge actualmente a la gran mayoría de la población inmigrante, mucha más de la que le corresponde de acuerdo con la población que escolariza, y que suele exigir un tratamiento casi personalizado que deteriora en muchas ocasiones gravemente el desarrollo habitual de las clases. Para mayor escarnio aún muchos de los inmigrantes de países llamémosles “ricos”, como Alemania, Francia, Italia, etc., suelen estar escolarizados en centros no públicos (es decir concertados o privados) lo cual agrava aún más el porcentaje de inmigrantes con desfases educativos muy importantes que están en la escuela pública.

b) Ante la situación antes descrita es difícil entender o justificar que, con el mismo dinero que pagamos todos los españoles, no se reparta esta población equitativamente entre todos los centros sostenidos con fondos públicos. Y esta tendencia se agrava día a día. Comprendemos las decisiones de muchos padres; lo que no entendemos es que esta situación se potencie desde el Estado o desde las autonomías, e incluso se justifique con argumentos tan peregrinos como la supuesta libertad de elección del centro.

c) Esta situación se agudiza en la enseñanza pública con unos presupuestos cada vez más escasos, una dotación en los centros nula o claramente insuficiente de profesionales de los servicios sociales y de profesorado especializado en las necesidades educativas especiales o en las de compensación educativa, una ratio profesor/alumno más propia de un sistema educativo como el de la ley de 1970… Echamos de menos igualmente una mayor implicación de las familias en el proceso educativo, así como la consiguiente regulación.

d) Y debemos manifestar algo para nosotros muy importante. Se supone que dadas las evidentes carencias de nuestro sistema educativo deberíamos copiar, imitar o al menos tener muy en cuenta aquellos sistemas educativos que mejores resultados consiguen. De acuerdo con el ya muy famoso informe PISA, los países que tienen los mejores resultados son aquellos en los que la ESCUELA PÚBLICA es muy mayoritaria y cuyo sistema privado (concertado y privado) es sencillamente subsidiario de la escuela pública. No parece que los planteamientos iniciales de la futura ley sea cual sea su resultado final vayan por esta línea, por lo cual creemos que es sin duda una decisión EQUIVOCADA Y ERRÓNEA que nos aleja de obtener los mejores resultados posibles y que seguramente nos impedirá estar entre los mejores países en algo tan sumamente importante como es la educación.

e) Otro de los aspectos que queremos comentar es la laicidad de la escuela. No compartimos en absoluto que la religión que es un acto personal (que merece el máximo respeto, y que tiene toda la importancia que cada persona le quiera dar) se convierta en una asignatura evaluable. Entendemos que el indudable hecho de que algunos quieran este tipo de enseñanza debe respetar el resto de opciones personales, ya muy castigadas con la obligatoriedad de tener más horas lectivas.

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Há que roê-lo!

O Pontevedra CF permanece na segunda posição da segunda divissão b do campionato de liga. Leva várias semanas no posto e conseguiu distanciar-se um pouco das equipas que vêm por tras. A trajectória invita ao optimismo. Se esta tempada volve à segunda divissão e logra manter-se na nova categoria só terá dois asuntos pendentes: o novo Pasarón e o abandono da nojenta chantagem que ENCE faz à cidade através do patrocínio desportivo.

Há que roê-lo!

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quarta-feira, janeiro 11, 2006

O amor pelos animais

O homem mata e come animais. Também os usa para que lhe façam o trabalho ou ajudem nele; para que guardem as suas possessões e também para que o acompanhem durante um trecho da sua vida quase como se forem outros membros da sua família.

Esta foto tomou-se durante as recentes inundações na Malásia. O homem que aparece nela está a pôr a salvo as suas companhias mais prezadas.

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terça-feira, janeiro 10, 2006

Test de agudeza visual


Sinalar em dez segundos duas coisas presentes nesta foto que provocam urticária ao alcalde de A Corunha.

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adopta tu também uma mascote virtual!