SCR em Leganés
Trato de motivar aos meus alunos de SCR de 4º da ESO. Quisera que tirassem um proveito, por pequeno que fosse, das aulas, que reflictam sobre certos temas que os afectam e afectarão durante toda a sua vida: as diferenças sociais que agora mesmo já estão a marcar o seu futuro; a violência de género, racista e de bandas; a necessidade de conviver respeitando a quem é diferente; a manipulação levada a cabo pelos meios de comunicação e a publicidade; a importância de apreender a valorar-se a si mesmos e as escassas oportunidades que se lhes oferecem. Trato também de criar em eles um sentimento de participação nas aulas, na toma de decisões respeito ao enfoque dos temas e à eleição dos materiais.
Acabamos de ver Pariah, um filme sobre a violência racista e os grupos neonazis na costa oeste americana. O filme é ultra-violento, reaccionário e sensacionalista, cheio de actores maus e mal dirigido. As raparigas não demonstram interesse nenhum. Sentam todas juntas ao fundo da aula e falam entre elas. No meio da terrível cena da violação que senta a base argumental da fita, os rapazes estouram em gargalhadas. Interrompo a película, solto um sermão aos que não estavam atentos e pergunto aos outros por que lhes parece gracioso algo tão duro e que está gravado duma maneira tão pouco subtil. Não sabem contestar. Algum diz que achou gracioso que um dos violadores cantara uns compasses de música ao tempo que violava à rapariga. Tento que reflictam sobre o ódio e a violência e a ignorância que gera esse tipo de situações. Faço que vejam que todas as personagens da película procedem de lares desestruturados. Defino a desestruturação. Falamos da falha de modelos com valores positivos, da inexistência dum futuro. Não vêm reflectida a sua experiência na película. Não tiram as conclusões mais evidentes. Decido não forçar as coisas e digo que ódio e a ignorância geram violência que gera ódio que se aproveita de ignorância para dar uma resposta violenta... que é um circo sem saída. Não creio que estejam a perceber. Interessa-lhes a violência, mas não são capazes de analisar por que.
Ontem pedi que propuseram alguns filmes que puderam ser aproveitados nas aulas. Votaríamos os mais interessantes e vê-los-íamos em ordem começando pelo que tivesse mais votos. Elegeram estas películas:
Volando voy
Siete vírgenes
Million Dollar Baby
Barrio
Furacão Carter
Princesas
Laranja Mecânica
Eu propus Cadeia perpétua, Furacão Carter, O indomável Will Hunting e In This World. Falámos dos argumentos desses filmes. Só querem ver um deles. Um aluno até conseguiu que muitos não votaram por Camarón, proposto por uma companheira, porque não quer “ver ciganos”.
No fim destas aulas estou sempre muito cansado. A metade deles provoca compaixão e a outra metade dá medo. São o futuro. São os meus alunos, são muito jovens e aprecio-os, mas estão a acabar com a minha confiança no poder da educação como motor de câmbio social.
Música para hoje (6): Road To Nowhere -- Talking Heads.
Acabamos de ver Pariah, um filme sobre a violência racista e os grupos neonazis na costa oeste americana. O filme é ultra-violento, reaccionário e sensacionalista, cheio de actores maus e mal dirigido. As raparigas não demonstram interesse nenhum. Sentam todas juntas ao fundo da aula e falam entre elas. No meio da terrível cena da violação que senta a base argumental da fita, os rapazes estouram em gargalhadas. Interrompo a película, solto um sermão aos que não estavam atentos e pergunto aos outros por que lhes parece gracioso algo tão duro e que está gravado duma maneira tão pouco subtil. Não sabem contestar. Algum diz que achou gracioso que um dos violadores cantara uns compasses de música ao tempo que violava à rapariga. Tento que reflictam sobre o ódio e a violência e a ignorância que gera esse tipo de situações. Faço que vejam que todas as personagens da película procedem de lares desestruturados. Defino a desestruturação. Falamos da falha de modelos com valores positivos, da inexistência dum futuro. Não vêm reflectida a sua experiência na película. Não tiram as conclusões mais evidentes. Decido não forçar as coisas e digo que ódio e a ignorância geram violência que gera ódio que se aproveita de ignorância para dar uma resposta violenta... que é um circo sem saída. Não creio que estejam a perceber. Interessa-lhes a violência, mas não são capazes de analisar por que.
Ontem pedi que propuseram alguns filmes que puderam ser aproveitados nas aulas. Votaríamos os mais interessantes e vê-los-íamos em ordem começando pelo que tivesse mais votos. Elegeram estas películas:
Volando voy
Siete vírgenes
Million Dollar Baby
Barrio
Furacão Carter
Princesas
Laranja Mecânica
Eu propus Cadeia perpétua, Furacão Carter, O indomável Will Hunting e In This World. Falámos dos argumentos desses filmes. Só querem ver um deles. Um aluno até conseguiu que muitos não votaram por Camarón, proposto por uma companheira, porque não quer “ver ciganos”.
No fim destas aulas estou sempre muito cansado. A metade deles provoca compaixão e a outra metade dá medo. São o futuro. São os meus alunos, são muito jovens e aprecio-os, mas estão a acabar com a minha confiança no poder da educação como motor de câmbio social.
Música para hoje (6): Road To Nowhere -- Talking Heads.
Etiquetas: Cosmopolítica, Damn. I've got the blues again, Letras livres, Outros lugares
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