terça-feira, abril 25, 2006

Os 90

Estranhos tempos nos que miramos ao passado e recuperamos a memória. Estranhos pressentimentos de que algo deixámos atrás que devimos cuidar melhor. Um dia de chuva interior enquanto lá fora luz o sol com a força duma vingança. Lembramos aos velhos amigos.

Banda sonora duma década. Todos os recordos estão ai:


Pearl Jam -- Vitalogy
Pearl Jam -- Ten
Nick Cave & The Bad Seeds -- The Boatman Call
Pixies -- Doolittle
Pixies -- Trompe Le Monde
Sonic Youth -- Dirty
Sonic Youth -- Daydream Nation
Jesus & Mary Chain -- Psychocandy
Jesus & Mary Chain -- Darklands
REM -- Automatic For The People
REM -- Green

The Cure -- Kiss me Kiss me Kiss me
The Pogues -- If I Should Fall From Grace With God
Nirvana -- Nevermind
Tom Waits -- Bone Machine



Bem-vinda de volta.

Etiquetas:

25 de Abril

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade
Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade
Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade




Ligação para o blogue da Associação José Afonso.
Escuta aqui Grândola vila morena cantada pelo Zeca.

Etiquetas: , ,

segunda-feira, abril 24, 2006

Object trouvée (8)

Fantástico documento sonoro como há muito não ouvia.

Muito obrigado, Dorfun.

Etiquetas:

Por que gosto tanto das nuvens?




Algures na estrada entre Galiza e Madrid. 20 de março de 2006.

Etiquetas: , ,

sexta-feira, abril 21, 2006

Lisboa

Os pequenos lugares, os mais humildes, tornam-se significativos e criam uma geografia sentimental que cobra uma importância da que só somos conscientes ao pensar neles desde a distância. São semelhantes aos gestos que surpreendemos nos amantes e que identificamos com o mais autêntico da sua personalidade.

No fim, pertences a esse local tanto como ao que te viu nascer, ou àquele onde a vida te obligou a viver.

Etiquetas: ,

quinta-feira, abril 20, 2006

Os cinco estádios do dó


Ontem vi os dois primeiros episódios da segunda temporada de House. Aprendi que as cinco etapas do dó são

1.- NEGAÇÃO
2.- IRA
3.- NEGOCIAÇÃO
4.- DEPRESSÃO
5.- ACEITAÇÃO

Uma das tramas do primeiro episódio construía-se sobre esses cinco pontos. Gostei muito do episódio, como de toda a série.





ps: todo o mundo acha que para manter o interesse duma série de médicos os guionistas têm de rebuscar nas enciclopédias do ramo para dar com doenças raras? Eu entendo que uma velhota com artrite e catarro não é um elemento dramático de primeira orde, mas... quantos casos de um-entre-um-milhão podemos tragar? Acontecia o mesmo em ER, ou até em Doutor em Alaska.

Etiquetas:

Pimentinha

Eu queria escrever algo lindo sobre Elis Regina, algo que fizesse com que quem lera isto sentisse uma vontade irresistível de escutá-la. Dizer coisas assim como que ela foi -e segue a ser 24 anos depois da sua tristíssima morte- a melhor voz da MPB de todos os tempos. Poderia até acrescentar que, fora do Brasil, a sua voz, a força dela, a imagem artística, sensibilidade e a inteligência com que soube dirigir a sua carreira faz com que Elis suporte sem sofrer a comparação com a Billie Holiday, a Ella Fitzgerald ou a Aretha Franklin. Se calhar, deveria mencionar como ela segue a ser uma das artistas mais queridas pelo público brasileiro.

A seguir, é claro, teria de explicar como me emociona ouví-la cantar. Como resulta abraiante perceber os câmbios de registo de que era capaz, a facilidade com que Elis podia transmitir de jeito sincero qualquer matiz presente numa palavra, numa frase, numa canção.

Em lugar disso, reproducirei a letra duma das suas canções. Isso deveria bastar para conseguir acordar esse interesse muito melhor do que as minhas pobres palavras.

Ai vai:



COMO OS NOSSOS PAIS
Não quero lhe falar, meu grande amor
das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
e tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
é menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado p'ra nós
que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
é que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz

Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade não vou voltar p'ro sertão
pois vejo vir vindo no vento
o cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração

Já faz tempo eu vi você na rua
cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança
é o quadro que dói mais

Minha dor é perceber que apesar
de termos feito tudo o que fizemos
ainda somos os mesmos e vivemos
ainda somos os mesmos e vivemos
como os nossos pais

Nossos ídolos ainda são os mesmos
e as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu 'tou por fora
ou então que eu 'tou inventando
Mas é você que ama o passado e não vê
Mas é você que ama o passado e que não vê que o novo sempre vem

Hoje eu sei que quem me deu
a ideia de uma nova consciência e juventude
'tá em casa guardado por deus
contando o vil metal

Minha dor é perceber que apesar
de termos feito tudo, tudo tudo tudo o que fizemos
nós ainda somos os mesmos e vivemos
ainda somos os mesmos e vivemos
ainda somos os mesmos e vivemos
como os nossos pais

Como? Ainda estais ai? Correi a escutá-la! Já!

Etiquetas: ,

quarta-feira, abril 19, 2006

Cidades e poesia

Algo curioso que me tem sucedido nas últimas viagens é que identifico os lugares que visito com um poeta e que o poeta acaba por fundir-se com o lugar de tal jeito que não me é possível separá-los, ao poeta e ao lugar. Na última vez que estive em Irlanda, foi Patrick Kavanagh; na anterior visita a Lisboa, Pessoa -nesta última Eugénio de Andrade-.

A recente viagem a Roma supôs a re-descoberta de John Keats, que morreu numa casa ao pé das escaleiras da Piazza de Espagna em 1821. Tinha 25 anos e chegara a Roma num intento fútil de se librar da tuberculose que matara sua mãe e seu irmão. Essa casa é agora um modesto e emotivo museu dedicado à sua memória assim como à de Shelley, que também morreu em Itália e que chorou a morte de Keats no seu poema Adonais.

Ambos poetas estão enterrados no mesmo cemitério romano, conhecido como "cemetério protestante" pelos anglo-saxões ou como "cimetero accatolico" pelos italianos. O local é tão formoso (ao pé da pirámide de Caio Cestio) que Shelley disse dele: "it might make one in love with death, to be buried in so sweet a place".

Além deles, também estão lá os restos mortais do filho de Goethe, do comunista Gramsci, dum von Humboldt, do pintor Severn (em cujos braços morreu Keats), do aventureiro Trelawny (amigo de Byron e Shelley) e do poeta americano beat Gregory Corso. A encargada do museu Keats-Shelley disse-nos que o cemitério está a sofrer dificultades económicas e que pedem às visitas uma contribuição voluntária de pelo menos 2€.

Se ides a Roma, e amais a poesia, são duas visitas obrigadas. Não esqueçais a contribuição, por favor!

Ps: no cemitério, não deixeis de ler os epitáfios! O de Keats é especialmente formoso: "Aqui jaz um cujo nome foi escrito na água". O seu nome não aparece na lápida, ainda que a localização da sua tumba está bem indicada. O resto da inscripção não foi a que o poeta pediu, e foi engadida por um amigo.

Etiquetas: , , , ,

terça-feira, abril 18, 2006

Geografias pessoais

Há cidades com as que a gente estabelece uma relação íntima. São lugares que se enquistam no lugar mais recolhido do sentimento e que renovam o seu fascínio cada vez que a gente as visita. Não importa quantas vezes é que recorremos as suas ruas ou nos deixamos arrastar pelas suas multidões; elas são sempre as mesmas e sempre novas, distintas, capazes de renovar a paixão que nos namorou no primeiro momento. Às vezes nem sequer é possível dizer que a gente conheça bem esses lugares, basta com ter estabelecido ligações íntimas com elas ao longo dos anos. Uma cidade pode estar indissoluvelmente unida a um amor, a uma canção, a uma imagem que nos comoveu no momento oportuno. Pode ser a luz que as inunda; a música que nela soa ou o som da língua da suas gentes. É algo mais que a simples impressão estética que nos pode causar uma paisagem por muito formosa que esta seja. É a sensação de pertença a um lugar, de felicidade e calma puras que nos inunda quando saimos do alojamento e sentimos por fim que estamos onde queremos estar.
Isso é o que me sucede com Lisboa (em menor medida, também com Londres, se bem é uma história de amor bem diferente); a única cidade grande do mundo na que sei que poderia viver à vontade e à que não me importa voltar pelo menos uma vez ao ano.

Etiquetas: , , ,

Os antigos romanos gostavam dos Beatles (Object trouvée 7)

Pelo menos, isso parece provar esta pedra do Coliseu...

Etiquetas: , , ,

sexta-feira, abril 14, 2006

14 de Abril





Quero que esta entrada de Polvo à feira sirva de homenagem à II República Espanhola e ao seu último presidente. Uma oportunidade histórica perdida por culpa da barbárie, o rencor e as ganas de sangue de alguns.

¡Salud y república a todos!

Etiquetas:

terça-feira, abril 11, 2006

amoRoma

Não gosto de repetir tópicos, assim que deixai que diga para começar que todas as ideias preconcebidas sobre o lugar estão justificadas. Qualquer afirmação sobre as ruínas da antiguedade romana, as igrejas barrocas, a cúpula de São Pedro, a obra de Bernini repartida por toda a cidade em fontes, igrejas e praças; todo é verdade. A memória cinematográfica construída durante tantas e tantas películas (De Sica, Fellini, Passolini, Moretti, Monicelli) cobra vida, torna-se palpável a cada passo que damos. Quase soa parvo dizê-lo, assim que cuspamo-lo rápido e vamos lá falar doutra coisa: Roma é muito formosa.


Foi a minha primeira visita e estou seguro de que não será a última, porque é uma cidade pela que é fácil sentir um namoro instantâneo e para sempre. No Foro, diante da Cúria pensava: "aqui dentro falava Cícero; por aqui caminhavam os imperadores" No Palatino está fechado o túnel onde assassinaram a Calígula, mas podem ver-se todas as cúpulas da cidade e o Foro inteiro. É difícil descrever as emoções que um sente nessa pequena colina.

Que é o que destacaria? Em primeiro lugar, a facilidade com que o visitante se rende à mítica de Roma. Também como a cidade estimula a imaginação. No prado que é agora o Circo Massimo um pode ver perfeitamente os duzentos e cinquenta mil espectadores que lá cabiam. As pedras do Foro não parecem ruínas. Os turistas que enchem o Coliseu são romanos que assistem aos combates de gladiadores. Os que passam por debaixo dos arcos não são hordas de novos bárbaros, mas as legiões de volta à cidade. A quantidade de turistas é algo para o que não estava preparado, mas é certo que acabei por esquecer que estavam por todas partes.

O vaticano é outra coisa. As múmias dos papas produzem desassossego em vez de produzir devoção e a sensação esmagante de majestade e poder contrasta de maneira selvagem com a humildade e a pobreza dos monumentos paleocristãos, sobre tudo as catacumbas. Pode-se reclamar aos papas a responsabilidade de saquear durante séculos as ruínas imperiais na procura de materiais de construção, mas também há que agradecer-lhes os encargos que fizeram a Bernini, Michellangelo, Rafael...

De ir com o tempo muito limitado eu diria que as coisas a não perder são o Foro, a Piazza Navona, a Piazza de Sta. Maria in Trastevere (uma maravilha pela noite), a vista desde o Pincio com a Piazza do Popolo aos pés, a Capela Sistina, os frescos da bóveda do Gesú, o Panteão e a Piazza de Spagna. Para ver a Fontana de Trevi um precisa de armar-se de valor e suportar uma massificação que nem no metro de Tóquio.

De outros dous lugares romanos, de interesse mais pessoal, falarei noutra entrada à minha volta de Lisboa.

Desfrutai!

Etiquetas: ,

quinta-feira, abril 06, 2006

Retornado ao blogue desde Roma

Estes dias não tive tempo de escrever nada porque tenho andado muito ocupado primeiro com as avaliações e logo com a viagem que fizemos no instituto com os rapaces de 1º de Bacharelato a Roma. Em quanto tenha um intre, contarei um pouquinho da viagem e mostrar-vos-ei algumas fotos.

Saúde!
adopta tu também uma mascote virtual!