quarta-feira, novembro 30, 2005

Dois haikus

Em breve publicaremos uma entrada em Polvo à feira sobre o haiku. Pelo de agora, oferecemos-vos estes dois poemas japoneses. O primeiro pertence a Matsuo Bashoo, o maestro de maestros:

Com as minhas roupas
novas esta manhã.
Outra pessoa.

E esta pequena maravilha de Shiki:

Com as suas patinhas molhadas
brinca o pardal
pelo corredorcito.

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terça-feira, novembro 29, 2005

Bases de dados de cine em internet

Existe uma quantidade imensa de sites dedicadas ao cinema na rede. Algumas tratam temas específicos; outras actuam como revistas, com críticas, novidades, imagens e promoções e com apresentação e conteúdos que vão do profissional especializado até o amadorismo más ingénuo. É difícil fazer recomendações, e por tanto, só falaremos dum tipo muito concreto de sites de cinema: as que se oferecem como bases de dados completas.

A primeira delas tem de ser, por força, a
Internet Movie Database, ou Imdb. Possivelmente, a base de dados de cinema mais grande que existe em internet. Facilita dados completos sobre quase qualquer filme por muito antigo ou esquisito que pudera parecer. Além disso, favorece a participação dos utentes registados mediante a publicação de críticas, discussões e votações dos filmes. Qualquer utente pode aceder as votações das fitas que viu, e deste jeito, o site pode usar-se como base de dados pessoal com grande proveito. Outro atractivo de Imdb consiste em poder averiguar se o filme que nos interessa está disponível à venda em Estados Unidos o Reino Unido, Canadá ou Alemanha (em VHS ou DVD e com a possibilidade de aceder a sites de venda directa).

Menos impressionante, embora seja igualmente útil, é a All Movie Guide, com sites irmãs dedicadas a música e aos videojogos. Para nós, os colaboradores deste site adoecem duma mentalidade excessivamente ianque, o que supõe que uma boa quantidade de prejuízos pesam, para bem e para mal, sobre os comentários de qualquer película não hollywoodiense (veja-se, por exemplo, a crítica que fazem de Arrebato, do Iván Zulueta). Se calhar, isto pode ser devido a que os promotores não foram capazes de encontrar críticos á altura dos que colaboram na All Music Guide. Seja como for, o melhor deste site é sem dúvida a rapidez com a que resolvem o dilema de se vale a pena ou não dedicar o nosso tempo a ver determinadas películas, mediante o sistema de pontuações oferecido ao visitante (o AMG rate). Também inclui indicação de disponibilidade das películas em formato DVD com enlace a sites de venda directa.

Por último, Film Affinity é a menos completa das três bases de dados. As filmografias que oferece este site estão em geral muito incompletas e só a destacaríamos pelo facto de oferecer os títulos das estreias em espanhol, de não ser por uma curiosa prestação: ao votar as películas como utente registado, um programa informático calcula o grau de compatibilidade com outros utentes e permite aceder às votações daqueles com os que existe maior grau de afinidade para comprovar as suas preferências cinéfilas e orientarmo-nos em futuros visionados. Também inclui enlaces de venda que facilitam o saber se o filme que nos interessa está publicado em Espanha.

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segunda-feira, novembro 28, 2005

Saraband, de Ingmar Bergman

Se consideramos o estado actual da cinematografia internacional, ter a possibilidade de assistir à projecção dum novo filme de Ingmar Bergman é mais do que um agasalho; é um privilégio.

A crítica falou em “testamento” e resumo do seu legado ao referir-se a esta película, case como se não quisessem que o cineasta sueco voltasse faltar à sua palavra de não voltar a dirigir.

Saraband, em realidade, foi filmada para a televisão. A estreia, por expressa vontade de Bergman, tem-se espaçado, e assim os espanhóis tivemos de aguardar dois anos para ver esta película nos ecrãs do nosso país.

O filme demonstra que Bergman segue a ser Bergman, por fortuna para nós, e os seus motivos habituais aparecem mais uma vez expostos com tal intensidade que a obra torna-se uma experiência emocional por momentos quase insuportável. O efeito catártico da história é duma força absoluta e Bergman sublinha essa intensidade do melhor jeito possível: contando a história com uma singeleza, uma sinceridade e um domínio tão sereno da técnica que o resto do cine que podemos contemplar depois de assistir a um passe de Saraband fica reduzido à categoria de banalidade.

Esta é a demonstração de madureza à que todo artista deve de aspirar.

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sexta-feira, novembro 25, 2005

Para viver hoje

A ninguém devemos estar mais agradecidos que a quem, numa época tão desumana como a nossa, reforça o que há de humano em nós, a quem nos exorta a não malbaratar o singular e inalienável que possuímos, o nosso "eu" mais íntimo. Pois só quem se mantém livre frente a tudo e frente a todos aumenta e preserva a liberdade do mundo.

STEFAN ZWEIG. “El legado de Europa”.

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quinta-feira, novembro 24, 2005

Leganés

quarta-feira, novembro 23, 2005

Outono








Sem palavras.

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Nunca é tarde

Alguém pediu um dicionário? Ah, é certo; fui eu próprio.

Este é grátis, rápido e excelente. Inclui conjugação verbal, apêndice gramatical, consultor de dúvidas e mais um corrector on-line em português europeu e do Brasil.

Óptimo, isto da internet! Não é?

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terça-feira, novembro 22, 2005

Klingsor e Parzival

Ao prepararmos uma nova entrada explicando a origem e o senso do pseudónimo Klingsor achamos que já existiam pelo menos outras duas pessoas que utilizavam para assinar os seus blogues. Por tanto, decidimos cambiá-lo por outro que guarda relação com ele, embora nos doa ter de abandoar as referências à obra do Herman Hesse que continha o velho nome.

Deste modo, a partir de ahora, as entradas a Polvo à feira e Studia humanitatis aparecerão assinadas como Parzival, pseudónimo igualmente wagneriano e, sobre tudo, "eschenbachiano".

Além disso, nosso correio electrónico continuará a ser: Klingsor0@gmail.com

Obrigados.

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Será certo? Uma nova Ólisbos?

Ah! Se alguém pudesse confirmar esta nova! Que saudade! Que recordações! O nosso tolo passado que volta para sacudir-nos a dormida conciência.

Saibam todos: eu fiz parte da Ólisbos original, há já mil séculos.

Eram outros tempos... ou é a maldita nostalgia mordendo outra volta na conciência? Onde estão hoje os velhos amigos de então?

Tenho na mente os versos do príncipe al-Walid, quem aguardou a sucessão ao califato de Damasco no palácio de Jirbat al-Mafyar no meio de luxos e prazeres que o fizeram merecedor do epíteto de "o devasso":

"Outro copo! Outro gole! Do vinho de Isfahan!
Do vinho do velho Kisra, do vinho de Qayrawan!
Há uma fragrância no copo, ou nas mãos de quem a serve,
Ou é só o rasto deixado pelo almíscar ao encher as jarras?
Uma coroa, uma grinalda para a minha cabeça!
Aquí está a corda para que me desates e aquí tens a cadeia para atar-me!
A Primavera está só no copo que se sustém com as gemas dos dedos.
E agora o ardor do copo ascende desde os meus pés aos meus beiços!"

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segunda-feira, novembro 21, 2005

O património oral galego-português

O próximo dia 25 de Novembro, em París, a UNESCO decidirá se declara ao conjunto de tradiciões orais comuns que conformam o patrimonio cultural galego-português como Masterpiece of Oral and Intangible Heritage of Humanity. A iniciativa foi iniciada pela asociação radiofónica "Ponte... nas ondas" que trabalha a ambos lados do Minho e tem suscitado inumeráveis apoios particulares, institucionais e do mundo da cultura.

Existem vários sites que explicam o projecto:

http://www.opatrimonio.org/pt/candidatura.asp

http://www.vieiros.com/noescaner/noescaner.php?id=45625&Ed=1

Aliás, uma grande cantidade de blogues de ambas ribeiras têm dedicado comentários ao tema. Polvo à feira e Studia humanitatis, como blogues galegas, querem expresar o seu apoio incondicional a esta iniciativa, encaminhada a obter reconhecimiento, prestígio e a conservação dessa tradição.

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domingo, novembro 20, 2005

A Galiza, Espanha e Portugal desde o espácio



Não acham curioso que não se vejam as fronteiras lingüísticas? Bem, após um segundo olhar as outras também não se vêem!








(fotografias do site da NASA)

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sábado, novembro 19, 2005

Não acreditam? Mas é verdade...

Este blogue demostrará que é posível usar uma normativa lusista e não fazer disso um manifesto político de qualquer classe.

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sexta-feira, novembro 18, 2005

A Galiza, um país simbólico


A Galiza não tem existência real além da geografia. É um país fictício, de carácter mítico, construído a partir de fábulas simbólicas que ele próprio gera. Os celtas são um mito de valor simbólico, o mesmo que o são os dois Santiagos (a vila e o santo). Outro mito importante pelo valor simbólico é a pataca. A Galiza tem forma de pataca e o célebro dos galegos -é um facto- tem forma de pataca.

Se calhar, os símbolos mais grandes que tem a Galiza são Rosalia e Castelao. Este último incluso escreveu que, achava ele, a vaca era um símbolo tão importante para a Galiza que tínhamos de usar a sua imagem na moeda oficial dum hipotético estado galego livre.


O mar também é um símbolo-mito importante. E que dizer da gaita? Ou da empanada? Poucas coisas produzem tanta morrinha como uma empanada.

Por tanto, o galego não construe uma cultura, cria mitos, que é o que tem de fazer uma cultura subsidiária e periférica de acordo com a modéstia que corresponde a esse tipo de culturas. Os mitos-símbolos estão por cima da realidade -sempre mais feia e dura- e não aceitam a crítica (embora sim que aceitem a ironia, recurso muito extendido no galego -a retranca- que é o que nos salva como povo).

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quinta-feira, novembro 17, 2005

O polvo não sabe o destino que o aguarda...

Lá está ele, e lá está você. Ele sente a tensão. Você o medo expectante dele. A eternidade gelada dura apenas um segundo. Os olhares cruzam-se. Eses olhos... eses olhos malvados e asustados. O momento passa. Já passou. O polvo fuge e você fica com um sabor estranho na boca. Um sabor a cerveja e polvo à feira, como se estivesse num bar numa vila qualquer. Mas a oportunidade fugiu também e não há voltar.

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